CFM proíbe anestesia geral para tatuagens; uso de pomadas anestésicas segue liberado
Resolução publicada após morte de influenciador veta uso de sedação e bloqueios anestésicos para fins estéticos. Tatuagens com indicação médica são exceção.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou nesta segunda-feira (28), no Diário Oficial da União, a Resolução nº 2.436/2025, que proíbe expressamente o uso de anestesia geral, sedação — leve, moderada ou profunda — e bloqueios anestésicos periféricos em procedimentos estéticos como tatuagens.
A medida passa a valer imediatamente e responde a um alerta crescente no setor, especialmente após a morte do influenciador e empresário Ricardo Godoi, de 46 anos, durante uma sessão de tatuagem em uma clínica em Itapema (SC), no início deste ano. Segundo relatos, ele teria sido submetido à anestesia geral antes da aplicação da arte na pele.
Pomadas continuam liberadas
O uso de pomadas anestésicas de aplicação tópica segue permitido. Segundo o próprio CFM informou ao portal g1, esses produtos — como os que contêm lidocaína em creme — não configuram ato médico e, portanto, não estão incluídos na proibição.
Essas pomadas costumam ser utilizadas em sessões mais longas ou dolorosas e ajudam a aliviar a dor sem apresentar os riscos associados aos procedimentos anestésicos invasivos.
Quando a anestesia é permitida?
A única exceção prevista na norma é para tatuagens com finalidade reparadora, como nos casos de reconstrução de aréolas mamárias após cirurgias oncológicas. Nessas situações, o uso de anestesia é autorizado somente em ambiente hospitalar e com equipe médica qualificada, seguindo todos os protocolos de segurança.
Riscos da sedação em tatuagens
De acordo com médicos ouvidos pela imprensa, o uso de anestesia geral ou sedação fora de hospitais apresenta riscos elevados, como:
- Queda abrupta de pressão arterial
- Arritmias cardíacas
- Crises de asma
- Broncoaspiração (aspiração de conteúdo gástrico nos pulmões)
- Hipoxemia (falta de oxigênio nos tecidos)
A anestesia geral, em especial, bloqueia a respiração espontânea, o que exige intubação e ventilação mecânica — medidas que só devem ser tomadas em ambiente hospitalar.
Médicos estão proibidos de atuar com anestesia em tatuagens
A nova resolução do CFM proíbe qualquer ato anestésico com finalidade exclusivamente estética, mesmo que feito por médicos, e mesmo que se trate de sedação leve ou bloqueio local. A única brecha possível é quando o procedimento tiver indicação clínica, como nos casos reparadores já mencionados.
Estúdios de tatuagem continuam operando normalmente
Tatuadores e estúdios que utilizam pomadas anestésicas tópicas não serão afetados pela nova norma. O uso desses produtos, amplamente disponíveis no mercado e sem necessidade de prescrição médica, continua permitido, desde que não haja aplicação injetável nem uso de anestesia controlada por médicos sem justificativa clínica.
O que muda na prática?
A nova regra atinge, principalmente, uma prática que vinha ganhando força entre celebridades: contratar equipes médicas para realizar sessões longas de tatuagem sob sedação. Agora, médicos que fizerem isso poderão responder por infração ética perante os conselhos regionais.
A medida foi comemorada por entidades da saúde que defendem a segurança do paciente e o respeito aos limites da atuação médica.
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