Morre Antério Mânica, condenado como mandante da Chacina de Unaí

Morre Antério Mânica, condenado como mandante da Chacina de Unaí


Brasília (DF) – Morreu na manhã desta quinta-feira (15) o ex-prefeito de Unaí (MG), Antério Mânica, de 77 anos, um dos condenados pelo assassinato de três auditores fiscais do trabalho e um motorista em 2004, no episódio que ficou conhecido como Chacina de Unaí. A informação foi confirmada por familiares.

Mânica estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, onde fazia tratamento contra um câncer no pâncreas. Ele também sofria de diabetes e hipertensão. Em abril deste ano, o ex-prefeito sofreu uma queda dentro da unidade hospitalar, resultando em traumatismo craniano, o que exigiu uma cirurgia de emergência. Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e sepultamento.

Condenação e prisão

A trajetória judicial de Antério Mânica foi marcada por reviravoltas. Em 2015, ele foi inicialmente condenado a 100 anos de prisão pelo crime. No entanto, a sentença foi anulada em 2018 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que ordenou um novo julgamento.

Já em maio de 2022, ele foi novamente condenado, desta vez a 64 anos de prisão, por quádruplo homicídio triplamente qualificado, podendo recorrer em liberdade. A pena foi aumentada para 89 anos em novembro de 2023 pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), que determinou a execução imediata da pena.

Em setembro de 2024, Mânica se entregou à Polícia Federal após ordem de prisão. Dois meses depois, recebeu autorização da Justiça para cumprir pena em regime domiciliar, por motivos de saúde.

A chacina

O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, na zona rural de Unaí, Noroeste de Minas, quando três auditores fiscais — Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves — e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram mortos numa emboscada. Eles investigavam denúncias de trabalho escravo na região.

As investigações apontaram que os irmãos Antério e Norberto Mânica, grandes produtores rurais da região, foram os mandantes do crime. Ambos foram condenados pelo planejamento e financiamento da execução.

A Chacina de Unaí gerou comoção nacional e internacional, tornando-se um marco nas discussões sobre fiscalização trabalhista e violência no campo brasileiro.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Diário de Posse